O calor desta manhã de segunda-feira (10) contribuiu com a intenção dos ativistas do grupo Vegetarianismo Ético, Defesa dos Direitos Animais e Sociedade (Veddas). No cruzamento da avenida Rio Branco com a rua João Pessoa, no centro da Natal, cerca de 20 pessoas vestidas de preto promoveram um ato que chamou a atenção das pessoas que transitavam pelas imediações.
Com a exposição de carcaças de coelhos, galinhas, cabeças de porcos e vacas, os indivíduos que lutam por um mundo sem consumo de carne de origem animal registraram o Dia Internacional dos Direitos Animais – comemorado hoje – com o prato principal dos carnívoros adquirido através do descarte de feiras e abatedouros. Com as mãos ocupadas por ossadas ainda preenchidas com couro e tecido muscular, a cena parou muita gente.
A secção Natal da organização brasileira que remonta às tradições éticas indianas do pacifismo e da não exploração dos animais realizou o primeiro evento local com o intuito de esclarecer sua filosofia à população: “Nós somos um braço do Veddas, e estamos fazendo essa observação pelo fim da exploração das vítimas da vontade humana”, afirma a cientista social e estudante de nutrição, Talita Ratto, 28, uma das coordenadoras da manifestação.
Divididos em uma classificação mórbida, pedaços de aves e mamíferos eram exibidos de acordo com o que motivou sua morte: paladar (a maioria), religião, moda, ciência, entretenimento.
A ideia é desconstruir informações nutricionais e culturais, como “você não precisa de carne, você precisa de proteína. Você não precisa de leite, você precisa de cálcio”, fala Talita em um megafone. Em uma cultura que persistem fenômenos como a vaquejada e os festivais gastronômicos, é uma batalha a ser travada por décadas adiante.
“A saúde com uma alimentação saudável é só um plus, mas o que a gente quer é abordar a questão ética, pois nenhuma exploração animal é legítima”. Um televisor retransmitia sons e imagens de suínos e bovinos no momento do abate, o que gerava espanto nos passantes.
Focados nos Direitos Animais, líderes do protesto e demais voluntários foram abordados por diversos curiosos, que paravam para ler cartazes com frases do tipo “A morte é apenas uma parte dessa história” e ouviam o quanto aquele presunto do café da manhã pode ser repugnante. A alusão com minorias e a escravidão é uma das máximas dos veganos.
Entre as pessoas assustadas com a cena de crânios, vísceras e entranhas estava o vendedor ambulante Sebastião Ferreira de Araújo. Dono de um tabuleiro com geleia de côco, iguaria com vários itens de origem animal, o desempregado ocupou há cinco dias a esquina onde o Veddas Natal escolheu para provocar a população.
“Isso não funciona, não. O cara não pode tomar nem leite? E os meninos vão comer o quê? Tudo tem leite”. À sua frente, Talita mantinha a voz firme e dizia “Os animais não são produtos, devemos lutar por sua integridade física e psíquica”. A ação pioneira na capital potiguar foi a sequência natalense de um grupo que tem seis anos de atividade (sediados em São Paulo) e conta com o apoio de organizações e empresas do ramo alimentício.
Fotos: Canindé Santos
Texto: Conrrado - O Jornal de Hoje
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