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terça-feira, 6 de agosto de 2013

Seminário discute crise na mobilidade urbana de Natal

Se há um consenso entre as diversas classes socioeconômicas de Natal é ao que se refere ao trânsito: a capital potiguar enfrenta uma crise na mobilidade urbana. De um lado, o aumento do número de veículos deixa o trânsito caótico e demorado para quem possui carro próprio. De outro, os transportes públicos são caros e de péssima qualidade. Mesmo diante de um colapso, não se vê investimentos para evitar maiores problemas. Na manhã deste sábado (03), esse cenário de crise foi levantado em discussão proporcionada pelo Seminário “Mobilidade para quem?”, organizado pelo Instituto Latino-Americano de Estudos Sócio-Econômicos (Ilaese) e Sindicato dos Ferroviários do RN.
A vereadora de Natal Amanda Gurgel, responsável pela promoção do seminário, explica que pretende aprofundar a discussão do tema, através de debates sobre a ampliação da rede sobre trilhos na capital potiguar. “Essa é a melhor solução para o problema que vivemos em Natal. Entretanto, é visível que falta vontade política. O Governo faz com que as pessoas sintam na pele a necessidade de um carro para se locomover, favorecendo assim seus próprios negócios. A população é sempre a última a ser pensada”, avaliou a parlamentar.
A proposta da vereadora é montar um planejamento que já preveja a demanda presente e futura da população, determinando se a matriz articuladora do sistema de transporte é metroferroviária ou rodoviária. “Nossa proposta se resume em ampliar a rede sobre trilhos (na forma de VLT – Veículos Leves sobre Trilhos – ou trens urbanos), que seja a principal rede articuladora, combinada com corredores exclusivos de ônibus e ciclovias”, explicou.
Segundo a formulação do projeto apresentado pelo coordenador nacional do Ilaese, Nazareno Godeiro, a vantagem para qualquer investimento maciço em ferrovia é que Natal tem 56 km de trilhos atravessando toda a cidade. “Basta construir ramais percorrendo os bairros mais populosos da cidade e o problema dos transportes da cidade será resolvido, de forma barata e com qualidade”, disse Nazareno.
Atualmente, o sistema de trens da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) está sucateado, com trechos atendendo apenas dez mil pessoas diariamente. Na linha Norte, por exemplo, os trens podem demorar até 2,5 horas e na linha Sul até uma hora. “Se houvesse interesse em resolver o problema, os governos investiriam na duplicação de linhas de trens para as cidades da Região Metropolitana e nos principais bairros de Natal. Comprariam novos trens com ar-condicionado, por exemplo, proporcionando mais  conforto ao usuário”, disse o pesquisador do Ilaese.
Ainda segundo Nazareno, a ampliação do número de estações e a integração dos trens aos ônibus, de maneira gratuita, garantiria um transporte público universal, seguro, rápido e de qualidade. A proposta apresentada no seminário prevê a expansão da linha férrea para 76 km, totalizando 132 km; 57 novas estações e aquisição de 10 trens modernos com alta capacidade. O investimento avaliado é de aproximadamente R$ 2 bilhões de reais em quatro anos.
“É um custo alto, sendo que com o Aeroporto de São Gonçalo, a Roberto Freire e demais obras de mobilidade que estão sendo executadas em Natal vai se gastar R$ 1,5 bilhão em menos de dois anos. Além disso, a grande diferença é que a nossa proposta beneficiaria toda a população de Natal, enquanto que essas estão sendo visadas apenas o benefício turístico devido realização da Copa do Mundo”, acrescentou Amanda Gurgel. “Tudo é uma questão de prioridade política. Hoje se aplica dinheiro em obras que servem para a mobilidade dos ricos e dos turistas”.
Segundo dados da cartilha “A Crise da Mobilidade Urbana em Natal”, lançada durante o seminário, no ano de 2012 em Natal tínhamos uma frota de 327.073 veículos para uma população de 817.590, o que significa uma média de um carro para cada 2,5 habitantes. Se somar os veículos da Região Metropolitana de Natal, a frota já chegou a 360 mil veículos.
A frota de ônibus e opcionais em Natal era de 646 ônibus e 177 alternativos, transportando 10.669.555 pessoas nos ônibus e 301.011 nos altermativos. Atualmente sete empresas oferecem serviço de transporte coletivo, realizando 530 mil viagens por dia no sistema do transporte coletivo.
Já os trens urbanos da CBTU transportam cerca de oito mil passageiros por dia, com 12 estações na linha Norte (Ceará-Mirim à Ribeira) e nove estações na linha Sul (Ribeira à Parnamirim). Conta com duas locomotivas e 13 carros de passageiros.
Portal JH
 






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