Foto: João Vital
O sonho de Damiana Barbosa (29) e Francisca
Samara (22) de voltar a estudar está bem perto de se tornar realidade.
Moradoras da comunidade indígena do Amarelão, em João Câmara, elas viram
a primeira escola indígena do Rio Grande do Norte se erguer diante de
seus olhos nos últimos meses e, assim, puderam voltar a sonhar com um
futuro profissional para além do beneficiamento de castanhas de caju.
A
escola construída pelo Governo do Estado está praticamente pronta e vai
levar educação de qualidade a 600 estudantes, com um plano pedagógico
diferenciado e pautado nas especificidades dos povos indígenas. Longe
das salas de aula desde quando eram adolescentes, Damiana e Francisca
planejam uma nova vida de agora em diante.
“Parei
na 7a série e não podia voltar porque tenho dois filhos e tinha que ir
pra João Câmara todo dia pra escola. Com essa aqui vou poder terminar os
estudos e procurar uma coisa melhor pra mim”, diz Francisca. Damiana
reforça o coro. “Parei no Fundamental e voltar a estudar é como melhorar
de vida. Com estudo tenho como encontrar um trabalho melhor”, emenda.
O
líder comunitário José Carlos Tavares está feliz da vida com a escola.
Um sonho que começou em 2005 e agora se tornou realidade. “É uma
felicidade muito grande para nossa comunidade receber uma escola como
essa, porque nossos estudantes não precisarão mais sair antes do almoço
para ir estudar em João Câmara. Escrevemos à mão o projeto dessa escola
em 2005, porque ainda não tinha computador na comunidade”, comemora.
Para
o coordenador do Governo Cidadão e secretário de Gestão de Projetos,
Fernando Mineiro, a inclusão social dos povos indígenas é uma meta
perseguida pela atual gestão. “A escola na comunidade do Amarelão
representa uma mudança de paradigma. Terá um projeto pedagógico
diferenciado, específico para as necessidades da comunidade, com
valorização de sua história e tradições. Promover igualdade de direitos e
oportunidades para este povo é uma de nossas principais metas”, diz.
A
professora Leonilda Pedro nasceu no Amarelão e lá viveu até os 25 anos,
quando saiu para fazer uma graduação. Hoje está de volta à comunidade
para ensinar na escola e pretende fixar residência. “É um grande desafio
estar de volta como professora e também é gratificante, porque estou
reencontrando pessoas que foram meus professores e hoje trabalharemos
juntos”, registra.
A recém-formada em
Biologia Bruna Bandeira tem descendentes no Amarelão e também fará parte
da equipe de professores da instituição. “É maravilhoso integrar um
projeto que vai trazer educação para mais perto dessas pessoas. Muitos
adultos que pararam de estudar devido ao deslocamento poderão assistir
aulas agora”, destaca.
A escola do
Amarelão recebeu o nome de Professor Francisco Silva do Nascimento. A
estrutura conta com um auditório, biblioteca, quadra poliesportiva, oito
salas de aula e seis laboratórios, além de toda infraestrutura
administrativa. Foram investidos R$ 4,7 milhões via Governo Cidadão,
Secretaria de Educação e Banco Mundial. Um dos diferenciais é que se
trata de um prédio sustentável, com captação de energia solar por meio
de painéis fotovoltaicos localizados na cobertura, reuso de águas
pluviais em vasos sanitários e mictórios e reuso do esgoto tratado com
irrigação de jardins e áreas verdes.
A
instituição irá funcionar em parceria com a Prefeitura de João Câmara,
que será responsável pelo Ensino Fundamental. Esta semana a equipe da
Educação municipal deu andamento às discussões do plano pedagógico. A
expectativa é que as aulas para essa faixa etária comecem no final deste
mês.
Dignidade e qualidade de vida no campo
Por
meio do projeto Governo Cidadão estão sendo beneficiadas mais de mil
pessoas com ações que vão desde sistemas de abastecimento de água até a
construção da escola, totalizando R$ 5,5 milhões em investimentos.
A
comunidade indígena Caboclo, em Assú, foi contemplada com um sistema
simplificado de abastecimento de água com rede adutora, caixa d’água
elevada, poço tubular, rede de distribuição e construção de banheiros,
melhorando a vida de 31 famílias que moram no local. O sistema está com
90% das obras concluídas, em um investimento que somou R$ 473 mil.
No
Vale do Catu, em Goianinha, 150 famílias passaram a ter acesso à água
depois de receberem um sistema simplificado de abastecimento semelhante
ao de Assú. Lá as obras já estão finalizadas e a população está
usufruindo dos benefícios de ter água na torneira em casa. O
investimento ultrapassa os R$ 224 mil e também incluiu a construção de
banheiros em cada residência.
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