Foto: José Aldenir
O PSDB voltou a pedir a cassação do mandato da senadora Zenaide Maia
(Pros). Nas alegações finais apresentadas no âmbito do processo em que
acusa irregularidades na campanha da senadora, a legenda reiterou que,
entre outras infrações, Zenaide ocultou gastos da ordem de R$ 519 mil de
uma de suas prestações de contas. O processo, que está sob relatoria do
juiz José Dantas de Paiva, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), agora
vai a julgamento.
Eleita com mais de 660 mil votos nas eleições de 2018, Zenaide teve as
contas reprovadas pela Justiça Eleitoral do Rio Grande do Norte. Com
base na decisão e em um parecer do Ministério Público, o PSDB conclui
que houve uma “verdadeira confusão” nas contas de campanha da senadora –
o que acabou resultando em uma série de infrações à lei.
A principal infração da campanha de Zenaide teria sido a omissão de
despesas na prestação de contas parcial, entregue em agosto de 2018 – no
meio da campanha. Os tucanos alegam que uma “série de despesas” foi
realizada antes da entrega da prestação de contas parcial, mas os gastos
não foram informados à Justiça Eleitoral à época, sendo contabilizados
apenas posteriormente.
O PSDB – que teve como candidato ao Senado Geraldo Melo, que terminou em
3º lugar – pede a cassação do mandato de Zenaide por entender que a
conduta foi “gravíssima”. O partido registra que praticamente toda a
receita da campanha de Zenaide foi composta por recursos públicos.
Segundo a prestação de contas oficial da senadora, dos pouco mais de R$ 1
milhão arrecadados, R$ 900 mil foram provenientes dos fundos partidário
e de campanha.
“Os recursos advindos do FEFC (Fundo Especial de Financiamento de
Campanhas), por se tratarem de fundo público, recursos públicos, devem
ser tratados com a maior transparência possível. Não foi o caso, nem de
longe, pela candidata. O dinheiro público foi utilizado indevidamente”,
frisa o partido, nas alegações finais do processo.
Segundo a defesa de Zenaide transcrita pelo PSDB, “os serviços foram
contratados a partir de 15/08/2018, e pagos em data posterior a entrega
da prestação de contas parcial, não havendo, no entender da contadoria
da candidata, presença de movimentação financeira, mas sim contábil”.
Os tucanos rebatem, afirmando que “a irregularidade escancarou que (…)
as contas prestadas não refletiram a efetiva movimentação financeira”. O
valor ocultado nos gastos foi de R$ 519.461,20, o que representa 48% de
tudo o que foi declarado como receita pela candidata.
“A importância da entrega da prestação de contas de acordo com a real
movimentação de recursos é fundamental, visto que permite a justiça (e
ao jurisdicionado) a aferição das contas em tempo real”, acrescenta o
partido.
Em sua fundamentação, o PSDB sugere ainda que a campanha de Zenaide Maia
praticou caixa dois, já que, devido à omissão na prestação de contas,
teria pagado despesas com dinheiro não oficial. A prática teria sido
potencializada, alegam os tucanos, por suposto “abuso de poder político”
de Zenaide – que, à época da campanha, já era deputada federal.
OUTRAS INFRAÇÕES
Em suas alegações finais, o PSDB aponta ainda outras infrações que
teriam sido cometidas pela campanha de Zenaide Maia ao Senado.
Uma das irregularidades, lista o partido, foi o recebimento, pela
campanha de Zenaide, de uma doação em cheque acima do valor máximo
permitido por lei: R$ 1.064,00. O cheque, no valor de R$ 11 mil, foi
depositado pelo marido da senadora, Jaime Calado, atual secretário de
Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado.
Além disso, a campanha de Zenaide recebeu três depósitos não
identificados, no valor total de R$ 1,5 mil. Para corrigir o problema, a
contabilidade devolveu os recursos, mas a ação não convenceu ao PSDB.
“Não há como se certificar que os respectivos beneficiários das
devoluções eram os verdadeiros doadores. E se o dinheiro fosse advindo
de uma fonte vedada, como uma empresa, por exemplo?”, acrescenta o
partido.
“O que se discute, aqui, não são os tamanhos das doações e arrecadações,
mas a quantidade e a qualidade de infrações, que resultam numa total
falta de transparência das contas”, diz o PSDB, ainda, nas alegações
finais.
agorarn
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