Apesar Apesar de as tempestades solares ocorrerem frequentemente e passarem quase que despercebidas aqui na Terra, de tempos em tempos esse evento evolui a ponto de nos causar danos materiais. Durante a conferência do Grupo de Interesse Especial em Máquinas Computacionais (SIGCOMM 2021) que ocorreu entre 23 e 27 de agosto, Sangeetha Abdu Jyothi, professora assistente da Universidade da Califórnia em Irvine (EUA), apresentou um estudo em que alerta que a próxima supertempestade solar poderia danificar catastroficamente a infraestrutura mundial da Internet e deixar milhões de pessoas sem acesso à Internet por meses.
Tempestades solares são distúrbios temporários que podem ser
causados por uma onda de choque do vento solar ou uma ejeção
de massa coronal (CME) que interage com o campo magnético da Terra e
causa um aumento na corrente elétrica na magnetosfera do planeta. Esses
distúrbios ocorrem com frequência, mas na maioria dos casos, o campo magnético
envia o vento solar em direção aos polos, dando origem às famosas
auroras boreais.
No entanto, uma ou duas vezes a cada século ocorrem tempestades
extremas que conseguem penetrar no escudo magnético e atingir áreas
próximas ao equador. O último desses eventos ocorreu em 1921, e agora Jyothi
afirma que a humanidade não está pronta para enfrentar o próximo.
“O que realmente me fez pensar sobre isso é que com a pandemia vimos
como o mundo estava despreparado. Não havia nenhum protocolo para lidar com
isso de forma eficaz, e o mesmo vale para a resiliência da Internet”, disse a
especialista, citado pelo jornal
“Nossa infraestrutura não está preparada para um evento solar em grande
escala. Temos um conhecimento muito limitado de qual seria a extensão dos
danos.”
Em seu estudo, Jyothi enfatiza que os principais afetados serão as
linhas de fibra ótica de longa distância e os cabos submarinos (parte
fundamental da infraestrutura mundial da Internet) devido à vulnerabilidade às
correntes produzidas na crosta terrestre por tempestades solares.
“Uma ejeção de massa coronal envolve a emissão de matéria eletricamente
carregada e o campo magnético que o acompanha para o espaço. Quando atinge a
Terra, ela interage com o campo magnético terrestre e produz correntes
geomagneticamente induzidas na crosta”, explicou Jyothi em seu Twitter.
A ameaça se deve ao fato de que os atuais cabos de longa distância da
Internet possuem repetidores elétricos que são suscetíveis a danos por
correntes eletromagnéticas, que, por sua vez, viajam facilmente graças à
condutividade da água salgada.
De acordo com Jyothi, se um número suficiente de cabos submarinos falhar
em uma determinada região, continentes inteiros poderiam ser cortados e um
“apocalipse da Internet” teria início.
Países com latitudes elevadas, como Canadá ou Reino Unido, têm maior
probabilidade de ficar isolados da Rede em caso de um evento desse tipo, pois
as águas que os cercam sofreriam distúrbios eletromagnéticos muito mais fortes
do que aqueles das latitudes do sul.
Jyothi concluiu que seu estudo “apenas arranha a superfície” do problema e que ainda há muito a fazer para entender os riscos e fortalecer a infraestrutura.
Portal N10
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