A jovem de 27 anos que foi agredida pelo namorado, e que teve o cabelo cortado por ele em Pedro de Toledo, no interior de São Paulo, relatou ao g1, neste domingo (27), que ficou muito assustada e precisou lutar com o suspeito para salvar sua vida. Segundo a técnica em administração Jheniffer Emilly Lemos da Silva, no início do relacionamento o companheiro se mostrava muito carinhoso.
De acordo com o relato da vítima à polícia, o companheiro, além de agredi-la, apertou seu pescoço e exigiu que ela desse todo o dinheiro que tinha em casa, fugindo em seguida. Ela registrou um boletim de ocorrência contra ele.
“Eu já havia sofrido violência duas vezes por causa dele. Agora descobri com ex-companheiras dele, que ele também já as agrediu. Antes de me envolver com ele, eu estava há mais de um ano separada do meu ex-companheiro. Aí no Facebook um dia ele mandou solicitação de amizade e começamos a conversar”, conta.
Segundo a jovem, assim se iniciou o relacionamento com o namorado, mas, no começo, ele não dava indícios de ser violento. “No começo ele parecia ser um príncipe, era super romântico e carinhoso. Mas quando viu que eu estava mais envolvida e apaixonada, deu os primeiros sinais de agressividade. Ele sempre pedia desculpa depois, falava que era a única pessoa que me amava, que estava comigo para tudo, e minha cabeça ficava confusa, eu estava em um relacionamento abusivo”, afirma.
O primeiro episódio de violência, conforme relata, ocorreu no Ano Novo, quando ele tinha bebido e ela quis ir embora da casa da família dele, onde estavam comemorando a data. “Neste momento, ele pegou um pedaço de madeira e falou que iria me bater, e eu com meu bebê no colo. Depois disso, teve um segundo episódio em que ele apertou meu pescoço e me empurrou”, afirma.
Até que ocorreu o mais recente caso de agressão, no dia em que o companheiro chegou também a cortar seu cabelo. Na data, a vítima afirma que ele havia bebido novamente e foi mexer no celular dela. “Ele escutou meu celular fazendo barulho e foi mexer, aí eu falei que estava com problema no conector, para ele deixar carregando, foi quando ele disse ‘tá com medo de que? tá me traindo?’. Depois já me empurrou e começou a apertar meu pescoço”.
Jheniffer afirma que conseguiu se livrar do namorado e ir para o quarto, gritou por socorro e um vizinho foi até o local e tentou acalmar o companheiro dela.
“Ele apertou tanto a minha garganta que eu já estava quase desmaiando. Meu bebê começou a chorar e eu só pedia para ele deixar eu acalmar meu filho. Quando eu disse que tinha dinheiro para dar pra ele, pegou meu celular e jogou no muro, arrebentando meu aparelho. Eu só consegui pegar os estilhaços e chorar”.
A jovem relata que ainda, após quebrar seu telefone, o namorado voltou e a ameaçou novamente, então ela entregou todo dinheiro que tinha para ele.
“Pensei que tinha me livrado dele depois disso, mas ele voltou do nada com duas facas, achei que ele iria esfaquear eu e meu bebê. Aí eu abracei meu filho e ele começou a cortar meu cabelo da raiz. Depois jogou meu cabelo na rua e falou ‘isso aqui é para você ver que deixo você careca”.
Jheniffer conta que então saiu correndo para fugir do namorado e, chegando perto da casa da mãe, gritou pedindo que ela chamasse a PM. Segundo conta a jovem, ela também teve ferimentos de arranhões de faca no braço e ficou dolorida e roxa ao tentar se defender do suspeito.
A Polícia Militar, ao ser acionada para ocorrência, tentou alcançar o rapaz e chegou a localizá-lo, mas ele fugiu por área de mata. O caso foi registrado na Delegacia Sede de Pedro de Toledo, onde segue sob investigação da Polícia Civil. A vítima conseguiu uma medida protetiva.
“Minha mãe ficou em choque quando viu meu cabelo cortado daquele jeito e começou a chorar. Eu ainda estou com medo, mas tentando continuar minha vida. O que me motivou a levar a tona, foi por querer justiça e pensar em quantas meninas já foram vítimas de violência e têm medo de falar. Então eu não podia me calar e deixar quieto. Pensei em quantas mais meninas ele poderia enganar e fazer isso, então quero alertar e encorajar outras mulheres”, afirma a vítima.
Ainda segundo ela, no dia em que foi agredida, chegou a pedir socorro várias vezes antes de o vizinho ir até a residência, mas ninguém que morava próximo acionou a polícia. “Eu pedia para chamarem a polícia e ninguém chamava. Muita gente ainda pensa que briga de marido e mulher não se mete a colher, mas mete sim, porque se não é mais uma mulher na estatística. Fiquei indignada”, lamenta.
G1 Santos
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