O confronto entre Flamengo e Athletico-PR, hoje (29), às 17h (de Brasília), coloca frente a frente diversas boas histórias, mas um dos embates mais interessantes não estará dentro do campo. Contratados em momentos conturbados para levar os times ao recomeço, Dorival Júnior e Felipão colocam à prova todo trabalho na decisão da Copa Libertadores em Guayaquil (EQU). Quase 14 anos separam os dois técnicos.
Se um já é consolidado no futebol, outro pode, enfim, subir de prateleira. Com a conquista da Copa do Brasil deste ano pelo Flamengo, a segunda da carreira, Dorival Jr já retomou um protagonismo prejudicado por alguns altos e baixos nos últimos anos.
Contratado em momento complicado do Fla na temporada, após as fracas atuações com Paulo Sousa, ele não era unanimidade. Mesmo assim, quebrou um contrato (com o Ceará) pela primeira vez na carreira e embarcou no desafio. Era uma questão de honra, como ele mesmo definiu, retornar à Gávea para terminar um trabalho que foi iniciado em 2018, mas que não teve continuidade após a chegada da então recém-eleita diretoria encabeçada por Rodolfo Landim.
O lado pessoal também não foi fácil para Dorival nos últimos tempos. O treinador venceu um tumor na próstata, descoberto no primeiro semestre de 2019. Na ocasião, negou convites de clubes brasileiros para se tratar. O jogo deste sábado será também uma oportunidade de reencontro.
O Athletico-PR foi o primeiro trabalho depois desse período longe dos campos, em 2020. Dorival ficou dois meses à frente do time antes de paralisação das competições devido à pandemia de covid-19. Com a volta do calendário, ganhou o Campeonato Paranaense, mas teve dificuldades no Brasileiro. Em agosto, foi afastado após testar positivo para o coronavírus e quando retornou do isolamento acabou demitido.
A Libertadores, portanto, pode ser o primeiro título internacional da carreira de Dorival, que, além das duas Copas do Brasil (2010, pelo Santos, e 2022), havia ganhado a Série B de 2009 com o Vasco e alguns estaduais. Essa é a terceira passagem dele pelo Flamengo, além de 2012 e 2018.
A última dança de Felipão?
Prestes a completar 74 anos, em 9 de novembro, Felipão tem experiência internacional, uma vez que comandou a seleção portuguesa, Chelsea, Bunyodkor, do Uzbequistão, Guangzhou Evergrande-CHI, além de ter sido pentacampeão pela seleção brasileira em 2002. Depois do Mundial no Brasil, em 2014, passou também por Grêmio, Palmeiras e Cruzeiro.
Com o maior investimento da história, o Athletico não conseguiu firmar nenhum treinador depois da saída de Tiago Nunes, campeão da Copa Sul-Americana de 2018 e da Copa do Brasil de 2019, mesmo com o título da Sul-Americana no ano passado. Mas Felipão, sonho antigo do presidente do clube, Mário Celso Petraglia, mudou o ambiente.
Foi apenas no segundo convite que Felipão decidiu aceitar. O primeiro, em abril, acabou recusado. Depois, aceitou acumular os cargos de diretor e treinador, após a demissão de Fábio Carille. Os resultados fizeram a transição ser adiada e, apesar de em oportunidades anteriores ter indicado a aposentadoria da beira dos gramados ao fim da temporada, deu indícios de que ainda não há certeza sobre o assunto. Haverá um encontro ao final da temporada para bater o martelo.
"Não, anos mais, não. Pode ter certeza que não. Vou conversar com minha família, naturalmente. Se nós conseguirmos a vitória amanhã, terei que conversar com uma pessoa, que é o Mário Celso Petraglia [presidente do Athletico], e saber o que ele quer. Vim para cá com duas situações, e uma delas pode ser resolvida amanhã. Claro que eu tenho que conversar com a minha família. Nesses anos eu já dirigi sete países diferentes, em todos estiveram comigo meus familiares, eu convivo com eles há muitos anos".
Em busca do tricampeonato na Libertadores, Felipão tenta levar o Athletico-PR ao título inédito na história. Ao longo dos últimos meses, tirou o time do 13º lugar, levando agora ao sexto do Brasileirão. Além disso, chegou à decisão do torneio continental e acabou sendo parado pelo adversário desta tarde nas quartas de final da Copa do Brasil.
Com informações de UOL
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