Criminosos têm recorrido a uma nova tática para faturar em cima de motoristas desavisados: o golpe da falsa pane mecânica.
Funciona assim: o motorista é abordado no trânsito urbano ou em rodovias pelo condutor de outro veículo, que alerta para um suposto problema no automóvel, dizendo que o respectivo motor está soltando fumaça ou até faíscas.
Preocupada, a vítima para o carro a fim de verificar o que está acontecendo. Nesse momento, o responsável pelo aviso diz que é mecânico ou recomenda um "profissional" - que se dispõe a ajudar e pede para abrir o capô.
Na verdade, até aquele momento não existe nenhuma falha. Ao ter acesso ao motor, o bandido "fabrica" o problema, geralmente desconectando algum cabo ou componente para fazer o propulsor falhar e perder força.
Em muitos casos, a sabotagem faz com que alguma luz de advertência se acenda no painel, o que dá maior sensação de veracidade à armação. Nesse momento, é oferecido o reparo do veículo, mediante a troca de uma peça, que na verdade nem é trocada. Mesmo assim, o falso serviço é cobrado - e a conta não costuma ser barata.
Foi o que aconteceu com a jornalista Tatiana Carvalho e seu pai. Segundo ela, há cerca de uma semana os dois retornavam do Rio de Janeiro em direção à capital paulista no carro da família, na Rodovia Presidente Dutra (BR-116), quando ouviram um estouro e um motociclista fez sinal.
"Logo depois, [ouvimos] outro barulho e um [Chevrolet] Onix passou, indicando para pararmos. Foi o que fizemos. O motorista desceu e disse que viu fumaça e faísca saindo do motor do carro do meu pai. Pediu para abrirmos o capô, olhou, mexeu um pouco e disse que estava com problema em uma peça X. Falou que, por coincidência, trabalhava em uma distribuidora da Honda e que poderíamos ir com ele até o local para fazer a troca", relata Tatiana em seu perfil no Facebook.
Ela prossegue, dizendo que já suspeitou de que poderia ser um golpe. Mesmo assim, a jornalista e seu pai tentaram seguir o condutor do Onix, que estava acompanhado por um suposto colega de trabalho, mas o Honda onde estava a jornalista começou a perder potência.
"[O homem que] estava nos 'ajudando' disse que deixaria o companheiro dele com a gente e iria até o tal lugar buscar a peça. Em menos de dez minutos estava de volta e o mecânico parceiro dele 'trocou' a peça. Apresentou o recibo e falou que meu pai poderia pagar por Pix", continua.
O valor do componente, incluindo a mão de obra, seria de aproximadamente R$ 2,2 mil.
O pai de Correa, porém, convidou a dupla de criminosos a acompanhá-lo até uma oficina autorizada da Honda antes de efetuar o pagamento, pois o defeito ainda persistia e a luz da injeção eletrônica estava acesa no painel. No caminho até a autorizada, os dois bandidos desistiram de seguir caminho e desapareceram.
Já na concessionária, após o carro ser inspecionado, Tatiana e seu pai foram informados de que nenhuma peça tinha sido substituída.
"Não trocaram nada. Provavelmente só desconectaram um cabo quando abrimos o capô, ainda na Dutra, e reconectaram quando fingiram trocar a tal peça. Resultado: zero reais de prejuízo financeiro, mas prejuízo psicológico enorme. Nós [tivemos] alguma sorte, mas muita gente cai no golpe. Cuidado", postou a jornalista.
Seguradora alerta para golpe do falso mecânico
Em publicação de outubro passado, o blog da Porto Seguro alerta para a tática descrita acima, apelidada como 'golpe do falso mecânico'.
A seguradora diz que o principal alvo dos criminosos são justamente pessoas com pouco ou nenhum conhecimento de mecânica automotiva.
A abordagem pode variar, mas a intenção é sempre cobrar altos valores por reparos inexistentes ou desnecessários. Em muitos casos, prossegue a Porto Seguro, as vítimas estão em local isolado, de difícil acesso, para não deixar muita escolha para a vítima.
Como se prevenir do golpe
- A seguradora orienta a não parar o veículo, principalmente em locais ermos, apenas por causa do barulho de estouro, que pode ter sido forjado por criminosos
- Não aceite a ajuda de estranhos e desconfie se a pessoa insistir em ajudar: isso pode indicar que se trata de um golpista em potencial. Prefira acionar o socorro de sua seguradora ou busque o atendimento de uma oficina ou de um profissional de confiança
- Nunca forneça seus dados a terceiros, como RG, CPF, endereço e dados bancários, como senha do cartão de crédito e número da conta
- Mantenha as revisões do seu veículo em dia, para se certificar de que ele está bem conservado e com menos risco de problemas mecânicos
Com informações do UOL
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